posso ouvir seus "vai-e-véns", bem cedinho levantam, mal engolem um café, escovam os dentes e vão à luta.
Olhando através da janela, posso sentir a pressão do dia-a-dia, as contas voando para os escaninhos das residências, a panela fumegando, à exaustão, os sonhos de alguém "do lar"...
Olhando através da janela, escuto o som típico de um trabalhador, que varre os seus problemas a cada dia, sem se preocupar se amanhã terá de varrê-los novamente. Sem folhas, sem folha de pagamento...
Olhando através da janela, vejo um guerreiro, sentar imponente ao volante e levar consigo seus maiores troféus: o primeiro conquistado há 9 anos e o segundo há 6. E a cada dia conquista louros da vitória, ao voltar para casa.
Olhando através da janela, observo vidas que não se dispõem a sair da janela. Ficam lá e lá permanecem, como se assim pudessem controlar o tempo, que passa desavisadamente e vai levando os sonhos, os ideais, a tez lisa, a vitalidade...
Olhando através desta janela, encontro sinais que preciso ir e olhando para dentro dela, vejo sinais que ainda preciso ficar...
Esta janela se abre todos os dias, com perspectivas mil e se fecha todas as noites como um invólucro, como um escudo protetor.
Ainda saltarei dela, para pegar o transporte certo. Ainda há tempo de arriscar. Correr o risco é o meu lugar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário