É, estamos num tempo de muita objetividade e pouco pensamento, poucas discussões de ideias ou ideais. Infelizmente estamos num tempo de pressa da alma, num tempo de uma angústia silenciosa e por vezes escandalosa nas ruas, nas casas, nos locais mais inusitados, até na internet.
Não sou do tempo de Machado de Assis, de José de Alencar, de Cecília Meireles, Rachel de Queiroz (belos tempos por sinal, tempos de amadurecimento de ideias, de pessoas bem formadas), mas lembro-me bastante de uma Professora de português que estimulava-nos a ler certas leituras que estimulavam nosso raciocínio, estimulava-nos a formar opiniões... sou do tempo que mãe estimulava filhos a lerem e não empurravam tablets para o filho ficar mais moderno, para acompanhar os tempos atuais ou mostrar para os amigos e familiares o último gadget adquirido.
Nada contra o modernismo, nada contra o avanço da tecnologia, faço uso dela e gosto, o que me frustra é saber que se tentamos fazer com que as pessoas pensem um pouco mais sobre determinado assunto, torna-se enfadonho. A tal da objetividade é o foco do mundo atualmente, se não for objetivo naquilo que você deseja falar, você ser torna um chato, mesmo que suas ideias sejam boas e queiram fazer com que o outro reflita sobre algo que deve ser mudado.
Daqui a pouco o curso de libras será obrigatório em todas as escolas do mundo, de tão objetivo que é fazer gestos e através deles ser entendido, pra que palavras? Talvez se tornem enfadonhas, desnecessárias... Aliás eu amo libras, é um outro mundo da linguagem, se é que posso dizer assim, maravilhoso e já fiz curso, pretendo voltar, mas não porque ache enfadonho as palavras mas porque acho uma tremenda prova de cidadania e amor ao próximo, entrar no mundo dele e descobrir coisas que passam desapercebidos aos nossos olhos.
Que sejamos objetivos no amor ao próximo, que sejamos objetivos na busca de novas possibilidades de aumento do conhecimento, que sejamos objetivos nas coisas práticas da vida, porém, a subjetividade tem o o seu lugar, o argumento, as discussões edificantes, o tempo para refletir sobre o que estamos ouvindo e sobre o que responderemos. Os gigas e os megas da vida não podem nos roubar o tempo que necessitamos para ouvir e ser ouvido, para opinar e argumentar. Obsoletos estão os que objetivam tudo, achando que a vida é a continuidade da internet. Em pouco tempo, se continuar assim, os relacionamentos serão tão frios quanto uma tela de computador. Se é que já não estão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário