Palavras, frases, parágrafos, textos inteiros podem ser muito significantes ou completamente sem sentido, depende de quem o lê. Não adiantaria falar a um simplório pescador de maneira erudita, e quantos pescadores existem no mundo. Como as pessoas vivem mais de aparência do que de essência, de fato, as aparências enganam e muito. Aos pescadores usar metáforas de mar e tarrafas, aos eruditos citar Camões e Drummond.
A arte da conversa está em escutar. Ao escutar o outro temos uma parcial noção do seu mundo, digo parcial porque o outro é um mundo inteiro e ainda que vivêssemos 1000 anos não conheceríamos o mundo inteiro. A partir daí poderemos traçar um nível de conversa que nos faça inteligível ao outro. A partir do nosso conhecimento de mundo precisamos procurar entender o que vai à cabeça do outro, como o outro nos entende, como funciona seu pensamento em relação à vida...
É óbvio que em muitas vezes o nosso egoísmo ou egocentrismo fala mais alto e queremos mostras às pessoas o quanto entendemos disto ou daquilo, e como não estamos nem um pouco preocupados se estão nos entendendo ou não. Queremos falar e fazer valer a nossa opinião. Mas o fato é que se não nos fizermos entender ao nosso interlocutor, de nada adianta tanto conhecimento e tantos arroubos culturais.
Parafraseando o apóstolo Paulo, prefiro dizer cinco palavras inteligíveis a fazer um discurso que não acrescenta nada a quem ouve e, especialmente, a quem não ouve como gostaríamos que ouvisse. É bem complexo. Como alcançar a maioria? Como falar de uma maneira que a maioria entenda ? A vida, como exemplo, fala mais do que palavras. Como alguém disse: “Palavras são anões, exemplos são gigantes”.
Ás vezes acho certa vantagem em não se entender muito bem as coisas, se sofre menos. Todos, de certa forma, precisamos fazer “ouvidos de mercador” em algumas situações, para evitar o conflito, evitar o choque.
De qualquer maneira continuo encantada com a comunicação bem feita, bem redigida e principalmente bem entendida. Acaricia meus ouvidos não apenas o que quero ouvir mas o que faz bem pra minha alma e percebo que foi absorvido pela maioria. O que quero de bom para mim, quero de bom para o próximo e como ficar feliz se ouço tantas retóricas, que nada mais é do que a arte de falar muito e não dizer nada? Existe na política, existe na vida.
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